sexta-feira, 18 de abril de 2008

A GRANDE MÃE DO CANDOMBLÉ MÃE MENININHA DO GANTOIS


Brincando de Candomblé. Era assim que Escolástica Maria da Conceição Nazaré, menina pobre da periferia de Salvador, Bahia, ocupava suas horas livres na infância. Habilidosa e criativa, ela tinha um jeito todo especial de improvisar a diversão: reunia folhas de bananeira, espinhos de mandacaru, sementes e frutas e com elas ia dando forma a pequenos bonecos. Depois de prontos, cada um recebia o nome de uma divindade do Candomblé. Havia Oxossi, Ogum, Oxum e uma porção de outros orixás para a garota brincar. O Candomblé também estava presente nos sonhos de Menininha, apelido que Escolástica recebeu da avó.Nascida em 10 de fevereiro de 1894, em Salvador, ela pertencia a uma família devotada ao Candomblé. Sua bisavó, Maria Júlia da Conceição Nazaré, havia fundado, em meados do século 19, o Ilê Iya Omin Axé Iyamassê, mais conhecido como terreiro do Gantois (nome do antigo proprietário do terreno, que era francês). Sob a orientação da avó, das tias e da mãe, Menininha foi iniciada nos segredos da religião africana. E sem que soubesse, passou a ser preparada para o cargo, que assumiria anos depois, de ialorixá (mãe-de-santo, na língua ioruba). Nascida em 10 de fevereiro de 1894, em Salvador, ela pertencia a uma família devotada ao Candomblé. Sua bisavó, Maria Júlia da Conceição Nazaré, havia fundado, em meados do século 19, o Ilê Iya Omin Axé Iyamassê, mais conhecido como terreiro do Gantois (nome do antigo proprietário do terreno, que era francês). Sob a orientação da avó, das tias e da mãe, Menininha foi iniciada nos segredos da religião africana. E sem que soubesse, passou a ser preparada para o cargo, que assumiria anos depois, de ialorixá (mãe-de-santo, na língua ioruba). “A mãe-de-santo é a chefe da comunidade religiosa. A ela cabe o poder religioso e de todos os ritos do terreiro”.
Sob o comando de Mãe Menininha, o Gantois logo se tornou um dos terreiros mais procurados e respeitados da Bahia. Filha de Oxum, divindade relacionadas às águas doces e ao amor, a líder religiosa tinha várias características de sua orixá. Muitos que a conheceram a descrevem como uma mulher amorosa, generosa e sempre disposta a aconselhar quem a procurava. “Ela sempre tinha uma palavra, uma mensagem confortadora”,Mãe Menininha foi formando cada vez mais filhos-de-santo e sua popularidade não parou de crescer,a popularidade e o reconhecimento que Mãe Menininha alcançou contribuíram para tornar o Candomblé uma religião mais aceita no país“Ser abençoado por Mãe Menininha era um desejo de todo mundo que visitava a Bahia.
Para receber a bênção da sacerdotisa, turistas de todas as partes do país lotavam ônibus e se amontoavam na entrada do terreiro. Políticos, artistas, intelectuais e acadêmicos a procuravam constantemente em busca de conselhos.A ialorixá também recebia muita gente humilde, pobres da periferia ou do campo, que muitas vezes queriam um lugar onde comer e passar a noite.
Mãe Menininha faleceu em 13 de agosto de 1986. Nos mais de 60 anos em que liderou o terreiro do Gantois, como uma grande diplomata de sua religião, sempre tratou de explicar o Candomblé àqueles que se interessavam em aprender ou estudar o assunto. Além do ótimo relacionamento com governantes de Estado, artistas e intelectuais, a ialorixá também conquistou o respeito de líderes de outros terreiros e sacerdotes católicos, especialmente os mais ecumênicos e tolerantes. Durante vários anos, ainda que eventualmente, freqüentava missas católicas. “É preciso lembrar que as religiões africanas não são dogmáticas, ou seja, não exigem adesão exclusiva. Então, você pode fazer seu culto e aceitar outras práticas eventualmente”,Mãe Menininha declarou uma vez: “Deus? O mesmo Deus da Igreja é o do Candomblé. A África conhece o nosso Deus tanto quanto nós, com o nome de Olorum. A morada dele é lá em cima e a nossa, cá embaixo”. A frase está hoje exposta no Memorial Mãe Menininha do Gantois, em Salvador. No pequeno museu, que reúne objetos pessoais da ialorixá e funciona no próprio terreiro, estão, entre outros objetos pessoais, a mesinha onde jogava os búzios, o rádio que gostava de ouvir e os óculos de armação grossa, sua marca registrada.

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